A menina de 11 anos que estava grávida de um bebê de sete meses realizou o aborto, com parecer favorável para a interrupção da gestação por parte do Ministério Público Federal. A divulgação do procedimento, que tirou a vida do bebê, revoltou o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao longo desta semana, o caso foi repercutido em toda a sociedade, com pastores se posicionando de forma a repudiar as tentativas, até então fracassadas, de realizar um aborto na menina de 11 anos (que teria sido concebido em uma relação com o namorado, de 13 anos) mas já estava no sétimo mês de sua gestação.
A Justiça de Santa Catarina, assim como o Ministério Público estadual, haviam se manifestado contra, mas a divulgação do caso pelo portal ativista The Intercept resultou em interferência do Ministério Público Federal, o que resultou no assassinato do bebê de 29 semanas.
“Um bebê de sete meses, não se discute a forma que ele foi gerado, se está amparada ou não pela lei. É inadmissível falar em tirar a vida desse ser indefeso!”, desabafou Bolsonaro em sua conta no Twitter.
O presidente, em seguida, disparou uma série de publicações em que balizou conclusões óbvias sobre o caso: “A única certeza sobre a tragédia da menina grávida de 7 meses é que tanto ela quanto o bebê foram vítimas, almas inocentes, vidas que não deveriam pagar pelo que não são culpadas, mas ser protegidas do meio que vivem, da dor do trauma e do assédio maligno de grupos pró-aborto”.
“Sabemos tratar-se de um caso sensível, mas tirar uma vida inocente, além de atentar contra o direito fundamental de todo ser humano, não cura feridas nem faz justiça contra ninguém, pelo contrário, o aborto só agrava ainda mais esta tragédia! Sempre existirão outros caminhos!”, acrescentou Bolsonaro.
Medidas de averiguação de responsabilidades e eventuais crimes foram tomadas, disse o presidente: “Solicitei ao MJ [Ministério da Justiça] e MMFDH [Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos] que apurem os abusos cometidos pelos envolvidos nesse processo que causou a morte de um bebê saudável com 7 meses de gestação, da violação do sigilo de justiça e do total desprezo pelas leis e princípios éticos, à exposição de uma menina de 11 anos”.
A repercussão da série de tweets do presidente foi explorada pelo jornal O Globo com uma manchete que denotou que suas declarações pormenorizavam o estupro da criança. Entretanto, Bolsonaro – mais uma vez – confrontou o veículo da família Marinho:
“Globo, não adianta induzir as pessoas a acharem que somos de alguma forma coniventes com um crime tão bárbaro como o estupro, ou que não nos preocupamos com o sofrimento de uma criança de 11 anos. São vocês que demonstram desprezo por uma das vítimas: a criança de 7 meses”
“Se existe a chance de preservar duas vidas inocentes, por que não defendê-las? A felicidade de uma depende da morte da outra. Por que quem defende as duas vidas é pior do que quem defende apenas uma? Estranha essa dificuldade para quem defende facilmente a vida de bandidos”, declarou, referindo-se à linha editorial do Grupo Globo, que frequentemente retrata criminosos como vítimas da sociedade.
“É por enxergar o sofrimento das vítimas e a covardia dos estupradores, que sempre lutei por penas mais duras para este crime, inclusive a castração química. Insensibilidade é promover em rede nacional um abraço quase que romântico a um preso condenado por estupro de vulnerável”, disse, referindo-se à matéria do Fantástico em que o médico Dráuzio Varella abraçou o transexual chamado Suzy e revoltou parte da sociedade.
“Para nós, tanto a criança de 11 anos quanto o bebê de 7 meses são vidas que precisam ser preservadas. Para vocês e todos que promoveram essa barbárie, somente uma dessas vidas importam e a outra pode ser descartada numa lata de lixo, mesmo que exista chance de se evitar isso”, encerrou o presidente.