“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição”
Como pastor e professor quero abrir meu coração e dizer que, por mais que procuremos andar em santidade e consagração diante do Senhor, nunca alcançaremos, enquanto estivermos neste mundo, um estágio de completa purificação, embora seja esta nossa meta áurea de vida.
As questões pecaminosas afluem de dentro de nós, não sabemos de onde. Quando pensamos que alcançamos um estágio de vida espiritual onde entendemos que não mais seremos tangidos pelos tentáculos do mal, pronto! Eis-nos pecando novamente.
O pecado, como uma algema, jaz à nossa porta, sempre à espreita, pronto para nos escravizar. Que terror! Por mais que eu procure me aproximar do Senhor não tenho êxito, o castelo se desmorona antes que eu consiga finalizá-lo. Meu Deus! Isto é frustrante!
O pecado em nosso ser é como um “moto perpétuo” (movimento de um mecanismo que, após iniciado, continuaria indefinidamente; moto-contínuo), ainda que em meu íntimo tenha decidido não mais cometê-lo surge um impulso que, aparentemente incontrolável, me empurra para a beira do abismo. Agora consigo entender perfeitamente a manifestação paulina quando desesperadamente bradou:
“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:18-24) (Grifo meu)
Uma certa jovem declarou que não frequentaria mais as reuniões da igreja porque todas as vezes que, durante o culto, um certo rapaz do grupo de louvor ia à frente para adorar a Deus, maus pensamentos lascivos começavam a fluir em sua mente, criando fantasias sexuais com o mesmo.
Sua atitude soa louvável, tendo-se em vista que ela queria levar as coisas espirituais a sério e entendia que em um local sagrado como aquele seria impensável uma situação destas. Entretanto o problema do pecado não está circunscrito geograficamente a um lugar. A tentação não é “mais grave” porque nos assola dentro da Igreja, em um grupo de louvor, numa classe da Escola Dominical ou durante um ensaio do grupo de jovens. E quando estamos andando nas ruas, na escola ou em um shopping center não somo afligidos da mesma maneira pelos mesmos desejos, ou até piores?
Pecado é uma questão de “DNA adâmico”, não conseguiremos nos desfazer dele por nós mesmos. Onde quer que estivermos ei-lo ali:
“Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” (Jr 13:23)
Minha avó já dizia: “Onde a tartaruga vai ela leva o casco”. Ela não era teóloga, mas sabia das coisas.
A questão do pecado não está limitada ao recinto que frequentamos, não está na exterioridade, mas sim dentro de nós, isto é, a transgressão é uma sórdida herança que recebemos de Adão denominada natureza de nossa “humanidade”.
Todas as mazelas, tortuosidades morais, depravações, concupiscências, desejos lascivos desenfreados, porfias, iras, discórdias, etc, fazem parte deste “kit” que recebemos de “Adamah” pai de todos os homens. O pecado é uma doença da alma.
Jesus sabia muito bem disto. Quando questionado por que se assentava com pecadores? Respondeu:
“E os escribas e fariseus, vendo-o comer com os publicanos e pecadores, disseram aos seus discípulos: Por que come e bebe ele com os publicanos e pecadores?
E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.” (Marcos 2:16,17) (Grifo meu)
Alegra-nos saber que o Pai nos proveu uma graciosa, perfeita e amorosa libertação desta vida de pecados que quer nos escravizar e nos destruir.
Só existe uma maneira de nos desvencilharmos do pecado, morrermos para ele.
Entenda que o pecado jamais morrerá para nós, mas nós devemos assumir uma posição de “falecidos” para todas as transgressões.
“Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” (Rm 7:5,6)
A pergunta que fica é:
– Está bem pastor, agora estou na Igreja, me converti ao Senhor e então, quando vierem os maus pensamentos, o que devo fazer?
Meu pastor, Adilson Faria Soares, sempre se utiliza de um exemplo clássico para responder esta mesma pergunta:
– Não podemos impedir o passarinho de voar sobre nossas cabeças, mas podemos impedi-lo de fazer um ninho em nós.
Tudo começa em nossa mente, ou seja, quando as “ondas” dos maus intentos vierem bombardeemo-los com a poderosa Palavra de Deus.
Não conheço exemplo melhor. Talvez Paulo quisesse dizer o mesmo, mas com outras palavras em Filipenses 4.8,9:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.”
O Evangelho de Cristo Jesus funciona como uma barreira intransponível em nossa mente, ao lermos e aplicá-lo em nosso dia a dia se transformará em uma arma contra todas as setas inflamadas do maligno e todo pensamento lascivo proveniente do inferno:
“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas; Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;” (2 Co 10:4,5)
Não existem mais motivos para não servirmos ao Senhor com todas as nossas forças e com todo o nosso entendimento, uma vez que já morremos para o mundo e suas concupiscências.
Não temos mais parte neste sistema pecaminoso, uma vez que já fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte e já ressuscitamos, por fé, em Cristo e agora somos Novas Criaturas.
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2:4,5)
Se você ainda está vivendo uma vida de pecados, receba a Jesus como o teu Salvador, morra para este mundo e seja vivificado para a glória do Senhor.
Todo aquele que ainda está “vivo” peca porque é um pecador; porém, todo aquele que já morreu em Jesus tornar-se-á pecador, se pecar.
Que o Senhor nos mortifique a cada dia.